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Apenas mais uma de amor

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Juro que tentei deixar a janela fechada, tampando o sol, como tantas vezes ele pediu. Juro que tentei trocar minhas plantas vivas pelas artificiais. Liguei a televisão um pouco,para tirar o silêncio perturbador que reinava na casa, li alguns livros para ver se o esquecia. Troquei as comidas enlatadas por frutas frescas, parei de tomar sol e finalmente tirei algumas horas para dormir e tirar minha cara de ressaca.Joguei fora meus cigarros - apesar de ter certeza que mais tarde eu irei os pegar novamente - e a única bebida que tem na minha casa é o meu suco de maracujá, juro.
Tô tentando retomar minha vida, andei ligando para alguns antigos amigos, prometi à minha avó que ainda vou vê-la antes dela morrer, e até paguei algumas antigas apostas. Andei falando com os vizinhos, andei na rua para ver as pessoas, e até cheguei a um quarteirão da casa dele, só que por não saber se era cedo demais, acabei voltando pra casa.
Não se assuste com o meu silêncio, - e não tenha medo dele - eu estou com você. Pode ser que às vezes eu pareça sombria, pensativa. Pode ser que ao invés de beijos e bombons, eu te traga flores murchas. Pode ser que às vezes eu seja tudo aquilo que um dia tudo o que você sonhou. E às vezes posso não ser a certa, nem conseguir chegar aos pés de uma.

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Não chegar perto é fundamental, nada de troca de olhares, nem o tocar das mãos, intimidade demais é perigoso demais. Entre um gole ou outro desse café amargo, eu posso finalmente o enxergar por de trás da fumaça do seu cigarro, e não é isso o que eu quero. Acho que não é ele que eu quero. Não é por precaução,mas prefiro ficar de longe, assim o observo melhor, e posso ver as suas manias. Não estou assustada o tempo todo, é só que às vezes ele me apavora.

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Eu simplesmente não quero ter que conviver com a sua indecisão. Você diz que eu nunca soube o que eu queria, para onde eu queria ir, o que eu queria de você. Por acaso você já tentou descobrir o que você quer de você mesmo? Algo além do de praxe, algo além da sua moto, algo além do seu quarto, com seringas espalhadas, com esse cheiro, você já tentou se perguntar o que tá fazendo aqui?! No meio de tantos livros, no meio de tanto vazio, no lugar de ter aceitado o amor que eu tentei te dar? Ele podia machucar, qualquer amor pode, mas em relação à sua vida, meu amor não causaria nem uma mínima fisgada no seu cérebro.



Desculpa se sempre estive drogada demais para você.

Meu silêncio [2]

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Há muito venho me sentindo assim, vazia. Há muito sinto o coração acelerar, sem saber o motivo. Tenho tanto tempo sobrando, e ao mesmo tempo, não tenho tempo pra nada. Tenho tantos planos, mas não tenho coragem de concretizá-los.
Meu mundo é assim, vazio. Não consigo saber o que me faz bem, não consigo ter metas pra vida. Eu nunca as cumpro, ora por preguiça, ora porque eu esqueço. É, sou esquecida mesmo. Não lembro nem o que eu comi ontem no almoço. Agora, me pergunte o porquê disso. Vou te responder com um sorriso de canto de boca, que disso eu também não sei. Não sei no que penso, não sei o que faço, não sei qual é a roupa que eu uso.
Sei que gosto do silêncio. Gosto do meu canto. Tem vezes que o meu silêncio dói mais do que as palavras. Mas, talvez, eu goste dele mesmo assim.
Costumo freqüentar lugares movimentados, usar muita maquiagem e roupas decotadas, sem saber o porquê de eu fazer isso. Não me sinto bem no meio de muita gente, maquiagem faz meus olhos arderem e a roupa mais confortável é o meu pijama velho, verde e com um sapinho já desbotado. Isso não me faz bem, não é ali o meu lugar.
Um dia desses, depois de uma longa e cansativa discussão com a minha mãe, ela me perguntou o porquê de eu ser assim, fechada. Parei, pensei, refleti, e a respondi, que eu também não sei. Só disse a ela que ela é a única que me vê do jeito que eu sou. Sem ter que fingir ser outra pessoa para agradá-la. Vou a boates, shows, festas, tenho vida social. Mas nada disso é o que eu quero, o que eu gosto. Por muito tempo, achei que era aquilo que me fazia bem. Há pouco, descobri que o que faz bem é o meu silêncio. É ele que ameniza meus problemas, ele que me acalma.
Já tem um tempo que me escondo. Quando tinha seis anos de idade, me mudei pra uma nova casa. Bairro novo, colégio novo, vizinhos novos. Sempre fui cercada por primas, vizinhas legais. Chegando à minha nova casa, todas as “coleguinhas” eram mais velhas que eu. Tive que me mudar, pra elas brincarem comigo. Falava de roupas cor – de – rosa, de brilho labial, de maquiagem. Eu era confundida com um garotinho de rua, andava descalça, com um short largo e tinha o cabelo curto, bagunçado. Definitivamente, não era uma “delas”. Implorei para a minha mãe comprar a casa da Barbie pra mim, com todos os acessórios possíveis. Em poucos dias, a vizinhança toda sabia, e quase fizeram uma fila na porta da minha casa para ver meu novo brinquedo. Gostei daquela história de ser “popular”. Todo fim de semana eu montava a casinha, para todas as minhas “amigas”. Naquele tempo, gostava daquilo, mas depois de crescida, descobri que eu usei máscaras durante toda a minha vida.
Fui alguém que não sou para agradar as pessoas, para agradar os chefes, para agradar os pais. Sempre fingi ser simpática, ser amiga, ser legal, quando não sou, quando não me faz bem. Sempre fingi ser alguém que me faz mal, que não liga pro sentimento dos outros, que não sabe o que é solidariedade. Foi debaixo de muita chuva que eu fui ver quão mal eu fui com as pessoas. Vi, que não as deixo, são elas quem me deixa. Um dia as pessoas cansam de tentar me entender.

Meu silêncio

domingo, 21 de dezembro de 2008

Cansada da minha rotina,um dia cansativo, aula até as sete da noite, resolvi chegar em casa e deitar. Só que me deitei de um jeito diferente: de cabeça para baixo. Gostei daquilo. Fiquei ali, deitada, olhando para a nuvem que tem no teto do meu quarto. Em poucos minutos eu não estava mais ali. Apaguei. Acordei pouco mais das dez da noite, com a minha mãe gritando no meu ouvido. A Meg, minha filhotinha, havia comido meu sapato,que estava do lado da minha cama. O preferido. O melhor.
Mal tinha acordado, o rímel havia escorrido, eu mal conseguia abrir os olhos. Ela me sacudia freneticamente, me levantou, conversou comigo, preocupada. Eu parecia uma boneca nas mãos dela. Foi o prazo dela me soltar, que eu me deitei novamente. Eu só queria dormir. Deitei e dormi. Eu só queria estar num lugar que somente eu saberia, onde eu faço o que quiser. Foi bom. É bom estar sozinha, estar sozinha em um lugar diferente para poder me observar. Calada.

Nunca gostei de títulos

sábado, 20 de dezembro de 2008

Desde pequena nunca gostei deles. Nunca aspirei ser uma criança-prodígio ou ter sempre os melhores brinquedos. Nunca quis ser conhecida como “a” melhor. Títulos como: “A garota mais bonita do colégio” ou “A garota mais simpática” e muito menos “A garota do sorriso perfeito” nunca fizeram minha cabeça – nunca os ganhei, observação – aliás, nenhum tipo de título.
Quando era menor, já gostava de ler e escrever, não que isso seja importante, mas, por ironia do destino, ganhei minha primeira medalha na primeira série. A “tia” nos obrigou a fazer um teste oral, lendo um trecho de um texto qualquer. Todos se preparavam, liam seqüenciadamente os textos-auxílio do livro de português, todos os verbos e palavras acentuadas eram temidos por grande parte dos pequenos. Eu, me preocupava mais em como eu me levantaria da minha carteira e ficaria lendo na frente dos outros. Meu medo sempre foi esse. Aparecer. Medo das pessoas me notarem.
Apesar de a voz sair esganiçada, trêmula, consegui ser a melhor da turma. Era daquelas de “Honra ao Mérito”, aquelas que você compra em qualquer esquina. Veio de brinde, um beijo melado da professora, e vários aplausos.
Títulos de texto também. Nunca achei necessário um titulo. O que importa, é o interior do texto, o que ele tem a dizer como um todo, não dizer tudo em uma só linha. No meu tempo de escola, sempre fazia questão de não colocar títulos. Ou os esquecer. Fui reprovada no vestibular, por não colocar título.