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Seven Pounds - First change

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nunca houve, para mim, mulher maior e mais inspiradora do que ela. Sabe, quando ela se determina a fazer algo de tal forma, que mesmo eu não podendo ajudá-la, torço para que o que ela almeja dê certo. Ela passa tanto tempo longe de mim, que às vezes, morro de saudades. Quando ela volta, sinto que meus olhos brilham, quando a vejo entrando pelo portão - mal ela sabe quanto gosto dela.
É engraçado, porque sempre parece que nada é bom o suficiente para ela: o meu cesto de roupas ( estampado com um sapinho, verde) está cheio e torto, a luz da cozinha não precisa ficar acesa enquanto estou no quarto, ou reclama que eu sempre deixo a porta do guarda-roupas. É engraçado como ela nem nota que, às vezes, troco as coisas de lugar, arrumo o tapete do banheiro ou penteio os pêlos da nossa cachorrinha. Sei que não é muita coisa, mas são dessas pequenas coisas, destes míseros detalhes, que me dá vontade de continuar remando.
Ela precisa de uma cirurgia, é o que ela mais precisa. Não é nenhuma doença, nem algo perigoso. Ela precisa, porque lhe fará bem. Todos os dias, após uma exaustiva jornada de trabalho, ela entra em seu quarto, coloca a mão nos bolsos, e tira algumas moedas, separa-as e as coloca num cofrinho, que ela mesma fez. Para ela, o cofre é um meio de juntar o dinheiro necessário para o que ela quer; pra mim, é um modo de me redimir. Não por causa do dinheiro em si, mas do bem que ajudarei-a a conquistar. Todos os dias - depois de uma longa briga - eu pego as minhas moedas, e coloco, aos poucos, no cofre dela. Ela não sabe, mas todo dia eu repito a mesma ação.
Ela não sabe, mas isto me faz bem. Ela não sabe, mas eu a amo. Ou talvez saiba, talvez ela ache graça da maneira com que eu finja esconder que gosto dela. Ela mal sabe que eu sei amar.