Eu sou como a água: me moldo. Mudo de roupa, de cabelo, de lugar e, principalmente de humor. Também consigo me mudar, para os outros, para me adaptar a vida das pessoas. Mas na dele não. Não consegui esquecê-lo. E pode ter certeza, ainda vai doer.
Morria de ciúmes dele, quando achava que ele gostava de outra. Me roia de raiva, mas não reclamava, porque quando entrei na história, já sabia quem era a protagonista. Mas sempre tive a esperança de ser a personagem principal da vida dele.
Ficava feliz em descobrir os defeitos dele, em aprender a lidar com eles e não os achar mais insuportáveis. Ficava mais feliz ainda em me adaptar a eles. Eu o admirava quando me contava – sem detalhes e só alguns trechos – de pouco da sua vida. Eu era tão boba, que ficava feliz quando achávamos que já tínhamos uma “história” para contar, mesmo sendo escrita no rodapé, esmagada pelo que ele julgava ser o corpo do nosso texto. Ficava feliz em “perder” fins de semana para ficar com ele. Ficava feliz de não dormir a noite pensando nele. Ficava feliz
Hoje, muito pouco se perdeu no tempo. Às vezes, me pego conversando com outro, pensando
Passo minutos, horas e dias tentando não o enxergar em todos os homens que cruzam meu caminho. Uma das coisas que mais me entristece, é poder, mas não querer, ser a primeira na vida de tantos outros homens. É odiar não ser “ela”.
Agora, a cena não se repete, só se inverte. Talvez, algum dia, a Cinderela volte a procurar seu sapatinho de cristal. Agora, ela usa aqueles sapatinhos, que deixara para trás, antes do baile começar. Agora, ela prefere esperar, e com quem quer que esteja, que lhe devolva seu sapatinho. De cristal.